sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Canção dos Homens

Lya Luft

"Que quando chego do trabalho ela largue por um instante o que estiver fazendo – filho, panela ou computador – e venha me dar um beijo como os de antigamente.

Que quando nos sentarmos à mesa para jantar ela não desfie a ladainha dos seus dissabores domésticos. E se for uma profissional, que divida comigo o tempo de comentarmos nosso dia.

(...)
Que ela não me humilhe porque estou ficando calvo ou barrigudo, nem comente nossa intimidade com as amigas, como tantas mulheres fazem.

Que quando conto uma piada para ela ou na frente de outros, ela não faça um gesto de enfado dizendo “Essa você já contou umas mil vezes!”

Que ela consiga perceber quando estou preocupado com trabalho, e seja realmente carinhosa, sem me pressionar para relatar tudo, nem suspeitar de que já não gosto dela.

Que quando preciso ficar um pouco quieto ela não insista o tempo todo para que eu fale ou a escute, como se silêncio fosse sinal de falta de amor.

(...)
Que com ela eu também possa ter momentos de fraqueza e de ternura, me desarmar, me desnudar de alma, sem medo de ser criticado ou censurado: que ela seja minha parceira, não minha dependente nem meu juiz.

Que cuide um pouco de mim como minha mulher, mas não como se eu fosse uma criança tola e ela a mãe onipotente; que não me transforme em filho.

Que mesmo com o tempo, os trabalhos, os sofrimentos e o peso do cotidiano, ela não perca o jeito terno e divertido que tanto me encantou quando a vi pela primeira vez.

(...)
E que se erro, falho, esqueço, me distancio, me fecho demais, ou a machuco consciente ou inconscientemente, ela saiba me chamar de volta com aquela ternura que só nela eu descobri, e desejei que não se perdesse nunca, mas me contagiasse e me tornasse mais feliz, menos solitário, e muito mais humano."

É, é bom lembrarmos que às vezes pegamos pesado com eles, ao invés de apenas reclamar deles.

2 comentários:

Lilian Wiczneski disse...

Oi Liliane (quse-chará, hehehe)
Lindo texto mesmo! Eu tou looonge de ser casada, mas mesmo no namoro eu sei que pego pesado. Adorei mesmo o texto, me fez parar pra pensar em quantas vezes eu fico atazanando a vida dele pra ele me falar dos problemas - e às vezes ele só quer ficar quieto num canto.

Ah, uma pergunta: os noivinhos aí de cima foi vc que fez? Lindooooos =D

Beijo! Boa semana...

Liliane Araujo disse...

Lih, obrigada pelo comentário e desculpe a demora em responder.

O texto é muito lindo mesmo, bom para agente te auto-avaliar.

Os noivinhos fui eu que fiz sim!!! Meus bebês! rs

Beijão